Michael Moore, no seu melhor, vem mostrar por imagens o que o Gume vem dizendo há muito: Qualquer crise é intencionalmente provocada. E aquele 1% da população vai sempre, enquanto deixarmos, lucrar com as desgraças dos restantes 99%.
Um protesto é um protesto. Organiza-o e torna-se a voz de Deus. Que és tu, gumoleitor? Uma voz ou um número?
Uma característica particular da arte moderna, da minimalista em particular, é o hábito que tem de brincar com as expectativas formais do seu espectador. Naturalmente, levar ao extremo esse exercício de quebra com o formalmente esperado ou normalmente aceite pelo cérebro, levará o indivíduo a afastar-se daquilo que contempla, buscando o conforto da realidade que conhece e desprezando aquele objecto. A frase primeira que pronuncia é, claro: "Não é arte". Depois afasta-se da sala das vanguardas e pede as direcções para a secção do período renascentista ao guarda do Museu. E de súbito sente um enorme prazer a contemplar um quadro religioso de Mantegna, como este de São Sebastião:
Um autor, aliás, de quem nem sequer gostava...
.
Rebeca e as suas servas levantaram-se, montaram sobre os camelos...
In A Bíblia de Jerusalém, Antigo Testamento (Gn. 24-6)
Ian Dury, inesquecível compositor e vocalista de Ian Dury and The Blockheads, recusou certo dia o convite de Andrew Lloyd-Webber para escrever o libretto de Cats. Esta opereta pop de sucesso mas de gosto duvidoso, como a maior parte dos trabalhos de Webber, acabou por render milhões de dólares, mundanamente aproveitados por Webber e pela sua segunda escolha, um senhor de nome Richard Stilgoe.
Se Dury ainda precisasse de razões para ser largamente respeitado, a recusa a Webber e a justificação que dela veio a dar, deverão quebrar qualquer resistência de admiração:
"I can't stand his music... I said no straight off. I hate Andrew Lloyd Webber. He's a wanker, isn't he? ... [E]very time I hear 'Don't Cry for Me Argentina' I feel sick, it's so bad! He got Richard Stilgoe to do the lyrics in the end, who's not as good as me. He made millions out of it. He's crap, but he did ask the top man first!"
O Gume, em saudade, faz uma vénia. E entretanto, sigamos-lhe o exemplo...
Vamos para a extinção,
Porque tudo é um ciclo.
-----------
NOTA:
Excluímos da imagem a parte em que o batráquio é extinto para não chocar os anfibiolóphilos mais sensíveis.
Um padre do raio que o parta que o pseudo-jornalismo quis entrevistar, veio dizer que a ordem da sociedade sempre foi de homem e mulher para a "sacrossanta" instituição do casamento. Para quê, pergunta, mudar isso? Curioso.
O cagalhão também sempre foi parte da ordem da sociedade, em particular no organismo de cada um. Para quê inventar a latrina?
A resposta é a mesma: Por respeito a si e a cada um. Porque, felizmente, há evolução. - Um conceito estranho à Igreja Católica.
O padre fala até em referendo. Desde quando a liberdade individual tem de ir a votos? Se eu quiser casar (que não quero, irra!), por exemplo, com um gnou, e se puder mostrar que o gnou está de acordo, que raio de moral ou lei comum poderá impedir-mo?!
E, com mil diabos, este gnou é bem bonito!
- (...) Leva contigo o teu único filhjo, isaac, a quem tanto queres, vai à região do monte mória e oferece-o em sacrifício a mim sobre um dos montes que eu te indicar.
O leitor leu bem, o senhor ordenou a abraão que lhe sacrificasse o próprio fillho, com a maior simplicidade o fez, como quem pede um copo de água quando tem sede, o que significa que era costume seu, e muito arraigado. O lógico, o natural, o simplesmente humano seria que abraão tivesse mandado o senhor à merda, mas não foi assim. Na manhã seguinte, o desnaturado pai levantou-se cedo para pôr os arreios no burro, preparou a lenha para o fogo do sacrifício e pôs-se a caminho para o lugar que o senhor lhe indicara, levando consigo dois criados e o seu filho isaac. No terceiro dia da viagem, abraão viu ao longe o lugar referido. Disse então aos criados, Fiquem aqui com o burro que eu vou até lá adiante com o menino, para adorarmos o senhor e depois voltamos para junto de vocês. Quer dizer, além de tão filho da puta como o senhor, abraão era um refinado mentiroso, pronto a enganar qualquer um com a sua língua bífida, que, neste caso, segundo o dicionário privado do narrador desta história, significa traiçoeria, pérfida, aleivosa, desleal e outras lindezas semelhantes.
In Caim, de José Saramago.
Imagem roubada a We Have Kaos in The Garden, por Kaos.
----------------
Daqui se determina que, sendo Saramago, como há muito venho afirmando, literariamente execrável, é intelectualmente fascinante e faz, como se prova, um excelente uso do termo "filho da puta". O Gume recomenda (ideal para herméticos)...
(...) Arrebatando a oportunidade, dei um leve suspiro, abri o meu coração ao magistrado, largamente, como a um pai.
- É verdade, a titi tem-me amizade... Mas acredite Vossa Exclência, dr. Margaride, que o meu futuro inquieta-me às vezes... (...) Porque enfim a titi é rica, é muito rica; eu sou seu sobrinho, único paente, único herdeiro; mas... (...)
- A titi tem-lhe amizade - atalhou com a boca cheia o magistrado - e você é o seu único parente... Mas a questão é outra, Teodorico. É que você tem um rival.
- Rebento-o! - gritei eu, irrestìvelmente, com os olhos em chamas, esmurrando o mármore da mesa.
O moço triste, lá ao fundo, ergueu a face de cima do seu capilé. E o dr. Margaride reprovou com severidade a minha violência.
- Essa expressão é imprópria de m cavalheiro, e de um moço comedido. Em geral, não se rebenta ninguém... E além disso o seu rival não é outro, Teodorico, senão Nosso Senhor Jesus Cristo!
In A Relíquia, Eça de Queiroz.
_________
Pelas barbas de Moisés!
Há quantas gerações anda esse pulha a roubar-nos heranças?!
Merriment and joyusness, like beauty, are ends in themselves, a positive good. The end of social drama should not be that an evil shall cease to exist, but that life may be freed for the enjoymennt of its riches. Comedy is an immediate assertion of freedom of spirit.
In Write that Play, Kenneth Thorpe Rowe
"Hiya kids. Here is an important message from your Uncle Bill. Don't buy drugs. Become a pop star, and they give you them for free!"
Bill Mack (William Francis "Bill" Nighy) in Love Actually
NORA: Receio, Torvald, que não saiba exactamente o que é a religião.
In Henrik Ibsen, Casa de Bonecas
Parece que no século XIX já sabiam que não se sabia o que agora julgam que se sabe...
Everything I say has to be taken in the context of who I am
(Bad Timing, Dir.: Nicolas Roeg, 1980, screenplay: Yale Udoff)
EU: Então, como foi o teu dia, que fizeste hoje?
ELA: Ufff! Trabalhei tanto que até os meus morangos morreram!
----------
O Farmville é realmente um fenómeno e os fenómenos são realmente incompreensíveis.
.
O Manifesto do Segundo Gume
.
Os Gumes dos Outros
A Arte da Fuga (António Costa Amaral e Adolfo Mesquita Nunes)
Abrupto (José Pacheco Pereira)
A Causa Foi Modificada (Maradona)
Albergue dos Danados (Anónimo)
A Montanha Mágica (Luís Miguel Dias)
A Natureza do Mal (André Bonirre)
And Now For Somsen Completly Different (Miguel Somsen)
Antecâmara (João André Farinha)
A Origem das Espécies (Francisco José Viegas)
Apostos (Alexandre Soares Silva)
As Aranhas (Luís Miguel Oliveira)
A Terceira Noite (Rui Bebiano)
Avatares de um Desejo (Bruno Sena Martins)
Bibliotecário de Babel (José Mário Silva)
Blogo Existo (Joao Pinto e Castro)
Beluga Fresca (Augustus Schadenfreude)
Blue Lounge (Rodrigo Adão Fonseca)
Bomba Inteligente (Carla Hilário de Almeida Quevedo, a.k.a. Charlotte)
Complexidade E Contradicção (Anónimo)
Contra A Corrente - O McGuffin (Carlos do Carmo Carapinha)
Da Literatura (Eduardo Pitta e Joao Paulo Sousa)
Deserto de Almas - Onde Há Devastação Há Oportunidade (Pri)
E Deus Criou A Mulher (Miguel Marujo)
Há Vida em Markl (Pelo Próprio Markliano)
Hoje Há Conquilhas, Amanha Nao Sabemos (Tomás Vasques)
Homem A Dias (Alberto Gonçalves)
Janela Indiscreta (Pedro Rolo Duarte)
La Marge Brute (Clément Oubrerie)
Life And Opinions Of Offely, Gentleman (Gustavo Offely)
Listening 2 Dragons (Silmarien)
Melancómico (Nuno Costa Santos)
Mel Com Cicuta (Laura Abreu Cravo)
O Avesso do Avesso (Filipe Moura)
O Blog das 3 Alminhas (Pelas 3 Ditas...)
O Blog do Desassossego (Leididi)
O Bom, O Mau e O Vilao (Vários)
Life is a Masterpiece (Miss K.)
O Melhor Blog do Universo (Juvenal)
Sete Vidas Como Os Gatos (Rui Vasco Neto)
O Senhor Comentador (Carlos Quevedo)
Pastoral Portuguesa (Rogério Casanova)
Pedro Rolo Duarte (Pelo Próprio)
Portugal dos Pequeninos (Joao Gonçalves)
O Cachimbo de Magritte (Vários)
Read Me Very Carefully, I Shall Wirte This Only Once (Plim)
Rui Zink Versus Livro (Rui Zink Versus Si Próprio)
O Regabofe (Miss Woody & Miss Allen)
Sem Pénis Nem Inveja (Teresa C.)
Traduçao Simultânea (Nuno Majorscobie)
Tenho Uma Amiga Que... (De Amiga Por Ser Anónima ou Anónima Por Ser Amiga ou Uma Coisa Assim...)
Terapia Metatísica (Filigrana)
Voz do Deserto (Tiago de Oliveira Cavaco)
Um Ovo A Cavalo (Site de Design e Publicidade de Álvaro Carrilho et Allii)
The Heart Is a Lonely Hunter (Pedro)
Vontade Indómita (Anónimo Indómito)
We Have Kaos In The Garden (Kaos)
Welcome to Elsinore (Carla Carvalho a.k.a. Carla de Elsinore)